Capitulo 21
Sentado desanimado na cadeira de interrogatério, eu olhava impotente para Benito, que estava organizando os
registros.
“Nao é verdade...” Minha voz rouca tentava explicar, enquanto a Ultima fagulha de esperanca parecia estar se
apagando.
Eu tanto queria que a policia visse a verdadeira face da Morgana,restituisse a inocéncia, para que eu
pudesse morrer... em paz.
Mas agora, parecia que a verdade jamais serja conhecida.
E 0 meu corpo jamais seria encontrado.
“Sr. Benito, ela € uma mentirosa, uma impostora,” murmureia voz rouca.
Por que néo acreditavam em mim?
Por que ninguém.queria acreditar em mim?
Por que todos escolhiam acreditar nas palavras de Morgana?
“Chefe, nés falamosvarias pessoas, todas conheciam a Luna, e ninguém tinha uma palavra boa a dizer
sobre ela. Parece que essa mulher realmente néo tem carater*, disse um policial jovem que entrava na sala de
interrogatério, claramente do lado de Morgana. “Essa Morgana parece ser muito bondosa.” “Ela quase morreu ao
ser empurrada da escada e nem chamou a policia, nem quis levar o caso adiante, ainda deu uma chance para
ela.”
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Benito continuava a arrumar os papéis, sua caneta hesitou por um instante. “O que ouvimos e vemos n&o é
necessariamente a verdade.”
“E o que é a verdade?”, perguntou Marcos, confuso.
“Evidéncia.”, apontou Benito para o depoimento. “Eu sé acredito em evidéncia.”
A natureza humana é complexa e mutavel, somente as evidéncia sao definitivas.
Eu olhava para Benito sem muita esperanca.
Sem encontrar o corpo, ninguém acreditaria em mim.
Do lado de fora, uma policial entrou,uma expresséao tensa no rosto. “Chefe, saiu o relatémédico médico
do Robson... ele tem cicatrizes de choques elétricos pelo corpo, todas sofreu abusos prolongados durante a
infancia.”
antigas, claramente...
Benito franzia a testa e pegou o laudo para dar uma olhada.
Do meu angulo, eu podia ver as fotos do exame, as cicatrizes na pele queimada pelos choques elétricos, as
marcas de cigarro, as cicatrizes deixadas por chicotadas que se abriram e cicatrizaram, todas entrelagadas.
“N&o se engane pela aparéncia dele, € um louco, muito bonito, mas exceto pelo rosto, esté coberto de cicatrizes.
Sera que sofreu abusos no orfanato? Por ser bonito e um pouco tolo...“, a policial diziaempatia e raiva.
“Esses monstros, idiotas.”
Benito n&o falou, apenas olhou para o laudo em silénpor um tempo antes de falar, “Este caso nao tem
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nada a verele, e ele tem histérico de doenga mental, nao é responsavel perante a lei, além disso, ndo tem
guardido, nao é nossa responsabilidade.”
A policial entendeu o que Benito queria dizer, eles iriam liberar a pessoa.
“Mas chefe, esse tipo de loucura é agressivo, e se ele machucar alguém I fora?”
Marcos estava preocupado.
“Ele é€ um assassino, ele € um assassino”, gritei para Benito. Por que esto soltando ele? Porque ele é
mentalmente doente, entdo matar nao é crime?Ele era um assassino!
Mesmo que ele tivesse passado por muitas injusticas, ele ainda era um assassino! Isso nao justifica seus
crimes...
Ele matou tantas mulheres inocentes.
“Antes de atacar o Belmiro, ele ja tinha perdido o controle e machucado alguém?“, perguntou Benito.
Marcos negoua cabega. “Isso nunca aconteceu.”
“Eles foram de carro até o antigo orfanato abandonado e provocaram ele primeiro”, explicou Benito em defesa
de Robson.Dava para ver que Benito ndo achava que Robson tinha feito algo errado.
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Eu nao tinha forgas para explicar e, num impulso, saf da sala de interrogatério.
Esse Benito era realmente um tolo, o assassino estava bem diante dele, e ele o liberava repetidamente.
Por causa de sua bondade, provavelmente mais garotas iriam sofrer.
Na porta da delegacia.
Eu estava de pé no vento, e conseguia sentir o frio.
Era uma sensacgao de fcortante até os ossos.
Robson foi liberado e, de pé no vento frio, encolheu os ombros, obviamente também sentindo frio.
O tempo esfriou, agora a diferenca de temperatura entre dia e noite era grande. Robson usava apenas um
moletom velho e rasgado, uma calga que nado Ihe cabia bem e sapatos em farrapos.
“Robson, alguém vpagar sua fianga. Fique aqui esperando.” Benito saiu atras de mim e acendeu um cigarro.
Ele provavelmente também estava surpreso que um louco de um orfanato tivesse alguém para pagar sua fianga.
Senti um medo queafastou de Robson, escondendoperto da porta e observando-o atentamente.
Robson mantinha a cabega baixa e, de repente, levantou o olhar na minha diregdo,um lampejo de surpresa
passando por seus olhos.
Temi eesquivei, quase esquecendo que ja tinha morrido e que ninguém poderiaver.
No entanto, aquele olhar de Robson parecia realmente capaz deenxergar.
Rapidamente, ele desviou o olhar,uma expressao de desalento.
Um Maybach preto estacionou em frente a delegacia e dele desceu um homem de meia-idade, que olhou para
Robson de forma gentil. “Senhor, escondeu-se por tanto tempo, ja € hora de voltar para casa.”